sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Desvida - Desventuras de Quando A Gente Sobrevive

Parte 11 - Sobre Receitas

"Para ganhar um belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)(...)"


Eu estava pensando há algum tempo (bem, pensar é algo que eu faço com muita frequencia), sobre mudanças. Tenho a leve impressão de que tudo ao meu redor tem mudado com muita velocidade e precisão (sim, essas são as palavras certas).

Pensar em mudanças foi algo que intensificou depois de uma noite recitando poesias com o Fenô e a Magal. Eu me lembrei do quanto eu gostava de poemas e como eu fazia questão de decorar os que mais me tocava (eu juro que sabia "Desejo" do Vitor Hugo inteira !), lembrei que sabia fazer poemas muito bons e muito íntimos de mim, da minha realidade.

Curiosamente (ou, talvez, não) parar de escrever poemas coincidiu com quando eu tive problemas na escola e fui transferida. Os poemas ficaram perdidos em algum lugar do meu cérebro, apenas esperando o momento certo de renascerem.


"(...)pra você ganhar um ano novo
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)(...)"


Coisas menos percebidas começam, inevitalvemente, pelo interior de cada um de nós. É dentro de nós o esconderijo dos sentimentos. Cada um deles (o amor, a raiva, a felicidade, a simpatia, a tristeza) fica escondido em algum ponto dentro de nós, pronto para, ao menor estimulo, extravasar em risos, sorrisos, lágrimas, o que for. Extravasar.

Foi dentro de mim que o ano novo se perdeu. E por mais que eu tentasse acreditar que caminhava, bem... os sentimentos mudaram de lugar e extravasavam por estimulos errados. Qual o auge ? Vestibular, é claro. Foi o ponto maximo da tensão/ansiedade. Zuou tudo dentro de mim, tudo mesmo.


"(...)novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra
birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens ? passa telegramas ?)(...)"


Esse ano tem sido um ano revitalizador. É hora de pegar cada um desses sentimentos e colocá-los no lugar, um por um. E colocando-os no lugar, posso perceber que estou ajudando as pessoas ao meu redor a se encontrarem também. Incrivelmente existem pessoas perdidas em sentimentos e ações como eu. Mas acho que por eu decidir por tudo em ordem antes deles, tenho pensado mais rápido.

E pensando mais rapido, causo as mudanças ao meu redor e as mudanças em mim. Acabo gerando um efeito recíproco e coletivo, no qual todos se ajudam e ficam mais felizes. E sabe do que mais ? Tem sido mais brilhante ver as pessoas que eu gosto crescendo do que reparar no meu interior.


"(...)Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que pode decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.(...)"


Agora, que as pessoas estão melhorando, talvez (provavelmente) seja hora de olhar para o meu interior. Ainda não consigo escrever poemas, mas ainda escrevo, ainda leio... Tenho certeza que dentro de mim, o sentimento do poema ainda está guardadinho, espenrando o estímulo certo pra despertar. O mais importante é saber que é dentro de nós que o Ano Novo cochila e espera desde sempre. Seja o Ano Novo quando for. Seja o Ano Novo quando quisermos que seja.


"(...)Para ganhar um Ano Novo que mereça esse nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é facil,
mas tente, experimente. consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre." Drummond

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